O meu problema de coração - Part 1 - Black Rainbow

3 de janeiro de 2018

O meu problema de coração - Part 1

Nunca me passou pela cabeça fazer este post. Não pensei que fosse importante ou que fizesse sentido partilhar a minha história no blog. Não quero que tenham pena de mim ou que mudem perante esta situação. Eu sou a mesma, apenas com uma (pequena) doença que a maioria das pessoas desconhece.

Então, o que mudou para agora vir partilhar esta parte da minha vida?
Decidi que ia ser este o primeiro post de 2018, não com intenções de começar logo o ano a falar sobre coisas más mas sim com propósito de talvez conseguir chamar a esperança e a felicidade, em relação a este assunto, em 2018!
Tudo começou quando vi o post da Nádia do Kill Your Babies, foi a primeira vez que vi alguém a falar sobre um problema deste género em blogs. Nele, ela explica o problema e também a forma como o resolveu. Com os post consecutivos em que a Nádia falou sobre o seu problema percebi que seria uma boa ideia partilhar também a minha história não só porque o blog faz parte de nós mas também porque talvez exista uma pessoa a passar pelo mesmo assustada sem saber o que irá acontecer.



Wolff Parkinson White ou WPW é uma arritmia cardíaca que faz com que os impulsos elétricos sejam conduzidos ao longo de uma via acessória (adicional) que causa uma frequência cardíaca muito rápida. WPW é um tipo de taquicardia supraventricular chamada taquicardia alternativa atrioventricular
Ou seja (para perceberem melhor), normalmente estes impulsos eléctricos ao passar das câmaras superiores (átrias) ás câmaras inferiores (ventrículos) do coração, passam pelo nó AV, este nó AV ajuda a controlar os batimentos cardíacos. No síndrome WPW, como existe uma via adicional, os impulsos não chegam a passar pelo nó AV, o que resulta numa frequência cardíaca elevada.
Pessoas com WPW Pessoas com WPW podem ter uma frequência cardíaca de 160 a 220 batimentos por minuto. 

Para quem quiser perceber melhor, deixo aqui um video (em inglês) a explicar um bocadinho melhor:


A primeira vez que tive um ataque estava numa aula quando de repente sinto que o meu coração me ia saltar do peito mas passado algum tempo passou. Não liguei muito mas falei com a minha mãe, claro. Depois voltou a acontecer algumas vezes e comecei a ficar preocupada. Uma vez decidi ir ao hospital mas quando lá cheguei a taquicardia tinha parado, ou seja, eles não viram nada. O médico de família mandou-me fazer exames, mas nunca me disseram nada em concreto. Ate que no ano passado, estava eu num festival, quando tenho mais um ataque, fui aos bombeiros da terra, que era perto, e eles disseram que o melhor era ir já para o hospital e, desta vez, não parou quando lá cheguei. Quando entrei viram que tenha os batimentos a 230 por minuto e lembro-me que a enfermeira voltou a verificar pois era estranho ter o coração tão acelerado e eu estar tão bem fisicamente! Mas a verdade é que estavam mesmo nos 230. Levaram-me logo para um quarto de tratamento e fizeram o que tinham fazer. Rapidamente os batimentos voltaram ao normal mas não sem antes ter de passar por uma sensação de morte súbita que é resultado da medicação que me dão. Normalmente passado uma hora já posso voltar a casa. Medicaram-me e nunca mais tinha tido outros ataques até mudar de medicação devido a problemas respiratórios. Passei uma ano a tomar medicação e à espera de uma consulta no cardiologista que demorou um ano a chegar.

Quando fui finalmente ao cardiologista mandaram-me fazer mais exames e, nesses, concluíram que tinha mesmo síndrome de Wolff Parkinson White. Depois mandaram-me para a Arritmologia, onde resolveria o meu problema. Contudo essa consulta seria a 6 de Abril, ou seja, daqui a 5 meses. O que até nem era muito pois eu tinha um ataque quase uma vez por ano. Mas como neste mês já tive dois ataques, o que já é demasiado e não à nada que eu possa fazer quando estou a ter um ataque, apenas ir às urgências, o cardiologista que me atende nas urgencias disse que ia tentar marcar outra consulta dentro de um mês. Agora é esperar pelo melhor e que seja o mais rápido possível.
No meu caso as taquicardias altas começam de um momento para o outro. Já me aconteceu no cabeleireiro, sentada a conversar, a cortar alface, por isso é bastante imprevisível.

A forma como resolvo este pequeno problema explicarei num próximo post (para quem viu o video, deve ter percebido). Se tiverem perguntas ou mesmo se conhecerem alguém com o mesmo problema não hesitem em mandar mensagem, terei todo o gosto em ajudar, se conseguir.

Desculpem pelo (demasiado) grande texto mas queria mesmo partilhar esta parte de mim que, infelizmente, ocupa uma grande parte da minha vida e dos meus pensamentos.

Beijinhos, Mónica.

5 comentários:

  1. Fico super feliz que nos tenhas contado, babe <3 Mas agora já está tudo mais controlado, certo?
    Fico à espera dos próximos posts!
    Beijinhos,
    Blog An Aesthetic Alien | Instagram | Facebook
    Youtube

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  2. Bom, espero que este problema não condicione muito a tua vida! Não sei como resolves mas é complicado na mesma...
    beijinho

    TheNotSoGirlyGirl // Instagram // Facebook

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  3. Desconhecia totalmente que sofrias dessa condição. Estás melhor?
    É impressionante o quanto nós achamos que conhecemos uma pessoa, e há sempre algo que não sabemos. Isto é uma prova que os blogs não são um relato fiel da vida das pessoas.
    Muito obrigada por teres escrito este post e por estares disposta a escreveres mais posts sobre o assunto. Decerto não são publicações fáceis de escrever, dado que tens que recordar os desafios e momentos mais difíceis que viveste. Mas tenho a certeza que irá ajudar muita gente.
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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  4. Poxa, sinto muito por isso, Mônica! Mas fico feliz que tenha te sentido a vontade pra contar aqui no blog. Ainda não tinha ouvido falar da doença e imagino que seja bastante complicado, ainda mais por ser tão imprevisível, mas espero que tudo corra bem na medida do possível e tenho certeza que esse post vai ajudar muita gente que achava que estava sozinho nessa situação! Muita força pra ti, viu?
    Um beijão,
    Gabs | likegabs.blogspot.com ❥

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  5. Também já sofri de um problema de coração e, após ser operada, felizmente a situação está controlada. Espero mesmo muito que melhores. Um grande obrigado por contribuíres para a consciencialização e por partilhares a tua história!
    Beijinhos e muita força!

    https://messygazing.blogspot.pt/

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